domingo, 30 de setembro de 2007

A Viagem na Viagem - 2o. Tempo - Alemanha

PARTE 2

Bom... Fazer economia em algumas coisas para gastar em outras é absolutamente imprescindível quando estamos viajando, certo? Certo. Então, que tal usar a companhia CSA para voar de Praga para Munique. E o que vem a ser CSA? É a CZECH AIRLINES. Um equipamento que continha hélices (!!!!!) para fazê-lo voar, e que nos surpreendeu - um vôo muito tranqüilo e 50 minutos depois estávamos em Munique. Agora, se o preço da passagem foi uma negociação bem pensada, sua economia foi no taxi do aeroporto até o hotel - € 57!!!

Enfim, estávamos na Alemanha.

Mesmo com uma enorme tentação de falar de cada cantinho, em detalhes, vou tentar fazer um grande resumo das nossas peripécias em terras germânicas.

Quando estávamos discutindo sobre o que conhecer, do que abriríamos mão, de quanto tempo precisaríamos para conhecer os lugares, quantas vezes estávamos dispostos a fazer check in & out nos hotéis, esses detalhes todos, resolvemos que ficaríamos concentrados no sul do país. Ali já teríamos um mundo de coisas para conhecer. Assim nasceu: Rota Romântica, dos Castelos, Vale do Reno e Vale do Mosel.

Começamos por Munique e foi uma porta de entrada bacana. Uma cidade com muito jovem, muita vida, muita gente na rua e, o mais curioso, muitos turistas alemães. Mas não tanto quanto os turistas italianos. Impressionante!!!

Malas no quarto, bóra bater perna e descobrir se a localização do hotel era boa mesmo – escolhemos pela internet e no mapa parecia ser A localização. E era. Com uma caminhada bem gostosa, em minutos estávamos no centro histórico e na Marienplatz – a praça onde fica o edifício neo-gótico que abriga prefeitura da cidade (lindoooooo e cheinho de flores!) e um monte de lojas bacanas, igrejas, monumentos e mais gente.




Ao lado da Praça, o mercado Viktualienmarkt, conhecido como o estomago de Munique. Uma parada para experimentar a batata - Bratkartoffel (viu, Maira? Obedecemos direitinho!).

Dali para a Residenz, com duas paradas indispensáveis no caminho: Dallmayr, um restaurante / loja de comidas chiquérrima e Starbucks, do outro lado da rua. Tudo o que eu queria era um café com gosto conhecido, mas sucumbimos ao Frapuccino de Banana (!!) sentados em uma das mesinhas na calçada, ao lado da ciclovia - é uma oportunidade de ver crianças, jovens, idosos e famílias passeando de bicicleta como se tivessem nascido usando a bike como meio de transporte. E mais: eita gente bonita!
Antes ainda de entrar na Residenz e ver de perto o resultado da reconstrução do lugar onde moraram os reis da Bavária até o começo do século passado (o palácio foi fortemente danificado por bombardeiros na Segunda Guerra Mundial), mais uma pausa para ver os locais num break também local: o parque Hofgarten. Originalmente, o jardim era destinado aos membros da corte e só foi aberto ao público no final do século 18. Do ladinho do parque, e nas avenidas que saem dali, existem muitas possibilidades – férias é assim mesmo!. Porém, adorei a oportunidade de tomar um cafezinho no Café Luitpold – também reconstruído depois dos bombardeios da 2ª. Guerra, era freqüentado por Johann Strauss e Kandinsky que, como eu, eram também amantes do café.
A algumas quadras dali está a Feldherrnhalle, uma loggia a céu aberto onde aconteceu em 1923 uma tentativa de golpe de estado, conhecido como o Putsch de Hitler. O lugar mais tarde se transformou em um “santuário” - todos que passavam em frente ao prédio tinham que fazer a saudação nazista. IRC....
Depois de passar por ali e lembrar que esta cidade foi um palco importante de atuação de um maluco (o que me fez, um dia, relutar muito em conhecer este país! Ignorância pura, eu sei! Mas, real...), só mesmo indo ver a alegria deste povo na mais famosa e animada cervejaria de Munique: Hofbräuhaus. A fama é absolutamente merecida. E ainda acrescenta-se aí um elogio a comida: deliciosa!!!!! Chopp com limão (Radla): maravilhoso!!!!
Enfim, estávamos prontos para seguir em frente e, depois de 3 dias na cidade grande, alugamos um carro e seguimos em direção aos Alpes, com rápidas paradas em Ettal (onde está localizado um lindo mosteiro, e os monges produzem um licor bem bom!...

... e Oberamengau (uma cidadela lindinha e uma mostra do que iríamos ver nos próximos dias em termos de arquitetura e astral, e que gerou uma foto Momento Bucólico na Alemanha!).
Nosso próximo destino: Fussen. A cidade é uma gracinha, mas a grande maioria das pessoas passa por ali sem nem notá-la, em direção as duas grandes atrações do lugar. E coloca GRANDES nisso: Hohenschwangau e Neuschwanstein. Não se apavore se não conseguir ler o nome desses dois castelos – acho que nem mesmo os alemães conseguem!

Aqui cabe um pouco de historinha: Ludwig II era um amante da música e fez de Wagner seu protegido. Essa fase da sua vida o colocou em contato com o teatro e, conseqüentemente, com decoradores e cenógrafos. Essa informação nos ajuda a entender o projeto de Neuschwanstein – o castelo que serviu de inspiração para Walt Disney, no Castelo da Cinderela.

Hohenschwangau era o castelo do pai – Ludwuig I, e de lá o rei acompanhou a construção do seu próprio castelo. Já considerado insano, passou menos de 6 meses no castelo até ser deposto e "se afogar" no lago Starnberger.

A morte misteriosa aumenta ainda mais a atmosfera de romance que envolve cada curva da estrada, cada pedra, cada casa e vilarejo.


Sabendo que as filas são enormes para visitar o castelo, usei a tecnologia a meu favor e fiz as reservas ainda em São Paulo. Já me trocando para sair, ouço:

- Yara, a reserva era um arquivo em PDF?

Quando ouvi o “era” pensei: FERROU.... ele não imprimiu o anexo do e-mail!!!

Lembrava do horário marcado e estava no meu nome, então bóra tentar, torcendo para que a comunicação fosse possível... A resposta: NO PROBLEM.

Do Ticket Center ao Hohenschwangau a pé, facinho. Com vistas lindas incluídas no preço. Até Neuschwanstein é uma subida enorrrrrrrme (ladeira, mesmo!), mas só descobrimos isso quando chegamos lá em cima. De carruagem!!!! hehehehe

Minha expectativa com os castelos era bem alta e não me decepcionei. Até mesmo o tempo ajudou – estava um dia lindo!

Ficamos 02 noites em Fussen e, depois de jantar, aproveitamos para ganhar uma graninha bem boa no cassino! Quebramos a banca: € 300. Além disso, só passear mesmo!

Ô dificuldade!! rssss Eita viagem bem bom-de-viver....

Próximo destino: Nuremberg, uma metrópole de "duas caras". De um lado, o ar moderno de meio milhão de habitantes; do outro, uma cidade medieval e muito charmosa.

O centro histórico, com uma igreja gótica LINDA!!!! e prédios com uma arquitetura incrível, além do Kaiserburg - uma série de castelos e construções dos séculos 11 e 12 com mais de 80 torres, é ladeado por uma muralha de 5 quilômetros de extensão.
Nuremberg tem uma baita importância histórica para a Alemanha - a cidade foi um centro de produção de livros nos séculos 15 e 16 e, em uma conexão mais recente, os julgamentos de criminosos nazistas no final dos anos 40, que aconteceram aqui.

De Nuremberg direto para Dinkelsbuhl, uma cidadezinha cercada por muros, portões e mais de uma dezena de torres. A maioria dos seus prédios data dos séculos 13 a 19, com muitas casas do estilo enxaimel.

Passear pelas ruas da cidade é como visitar uma cidade cenográfica. Tudo arrumadinho, colorido, com flores na janela... Uma paz danada! A sensação do Mario foi de ver em tamanho natural aquelas cidades que a gente montava com blocos de madeira, quando criança. Tão grande que no final da tarde, voltamos para o hotel e, enquanto o marido tirava uma soneca antes do jantar, eu lia um pouco sentada na poltroninha ao lado da janela. Quando, eis que são 6 horas e descobrimos que nosso hotel, super charmoso, ao lado da praça principal, ficava DENTRO do enorme sino da igreja. Depois de 20 minutos de badaladas já estávamos dispostos a ir soltar os padres, que certamente estavam presos nas enormes cordas que fazem o badalo funcionar! rsssss
A caminho de Wurzburg, uma parada em Rothenburg ob der Tauber.

Um click de um Momento Quero Mais....
Rothenburg, para os íntimos, é uma autêntica cidade medieval, cheia de charme e, sem dúvida, a mais famosa da rota romântica. Entrar nela é como entrar em um livro de histórias, uma viagem no tempo.

Embarcamos no clima da cidade com uma caminhada pelas ruas centrais, observando a arquitetura, a prefeitura, as igrejas, os doces.

Tonta, de boca aberta, em mais uma cidade cenográfica, onde Papai Noel se abastece. A loja, na verdade as muitas lojas da Kathe Wohlfahrt são uma viagem a parte.
A cidade tem uma famosa feira que acontece no final do ano, mas essa loja tem tudo que se possa imaginar para decoração de natal e funciona durante todo o ano. Mario precisou apelar para me tirar da loja!

- Por favor, vamos embora?!, com a carinha mais doce do mundo.

Quando eu disse: “Uai... estou aqui há apenas 15 minutos”, recebi a notícia de que estava imersa na magia da loja há quase 2 horas!!!! Juro que nem percebi.... O lugar é mesmo um sonho!
Tá bom, tá bom, tá bom.... Então vamos! Direto para Würzburg - uma cidade universitária não muito grande. A primeira coisa que se vê ao chegar é a Fortaleza de Marienburg, um castelão, que do alto parece tomar conta da paisagem.

Fomos direto para visitar o Residenz, a maior atração da cidade. O lugar, um dos patrimônios mundiais da Unesco, foi morada dos chamados príncipes-bispos, religiosos a quem a Würzburg literalmente pertencia, com escritura e tudo! Construído no século XVIII, a escadaria com um afresco de 18 x 30 metros de extensão, do veneziano Tiepolo, é imperdível!

Infelizmente muita coisa foi destruída na segunda guerra mundial, mas tudo foi reconstruído o mais fielmente possível – a gente consegue conferir isso nas fotos do antes, durante e depois dos bombardeio, expostas em uma das muitas salas. O jardim também é uma atração a parte. Marido se encantou com a capela – e é linda mesmo! Pequena e um luxo.

Hotel, banho e um passeio pelo centro histórico – aliás, estas funções têm sido uma rotina deliciosa nos últimos dias!

A quarteirões dali, a Ponte Velha (Alt Mainbrucke) é bem lindinha. Parece a Ponte Carlos de Praga, ladeada por estátuas de santos barrocos. As ruelas (na verdade, parece um imenso calçadão), com os cafés, os restaurantes e as cervejarias com as pessoas tomando imensas canecas de cerveja e curtindo o final de tarde, são coloridas e parecem transbordar uma paz danada! Ou será que somos nós que estamos em paz?!? Difícil dizer. Mas está se tornando constante. Delícia!!!
Passeando por ali, chegamos a conclusão que os velhos europeus estão nos seguindo... Muita gente da 3ª. Idade por aqui e em todos os lugares que passamos! Em turma, curtindo... Incrível!

Würzburg foi a última cidade da Rota Romântica, e a partir daí a viagem muda de tom. De lá, fomos direto para Rudesheim, no Vale do Reno, ignorando os planos iniciais que nos levavam para Heidelberg. Com o passar dos dias, estamos ficando meio preguiçosos e queríamos chegar no Vale em tempo de fazer um passeio de barco pelo rio. Isso é estar de férias, certo?

Enfim, voltando... Rudesheim. Uma das muitas cidades construídas no Vale, e rodeada de vinhedos, é um charme. A primeira vista, ela parece acontecer a beira do Reno, ou Rheim. Escolhemos um hotel numa ruazinha um pouco pra dentro, bunitinho, bunitinho!

Malas no quarto e seguindo as dicas do recepcionista – nem me pergunte em que idioma conversamos!, pegamos o Goethe em direção a Koblenz, mais ou menos duas horas depois descemos em St.Goars-Hausen e voltamos de trem.

Aliás, aqui um adendo: eu não falo a língua deles, eles não falam a minha. Meu domínio do inglês não permite peripécias, o deles também não. E mesmo assim NUNCA tivemos um único problema para nos comunicar ou pedir ajuda. Esse povo é super, hiper, mega, blaster solícitos, educados e atenciosos.

Três exemplos, em um único dia:

- Mario estava parando o carro num estacionamento público, na praça (muito comum por aqui), quando percebeu que havia um carro saindo da sua e deu ré para facilitar a vida do senhor. O cara desceu do carro e DEU para o Mario seu ticket que ainda tinha validade de meia hora!!!

- Estávamos no barco e tentei tirar uma foto minha e do Mario, afastando o braço. Uma senhora perguntou (em alemão, claro!) se queríamos que ela tirasse. Eu agradeci e expliquei (usando inglês, português e mímica!) que a bateria da máquina havia acabado. Começou então um zum zum zum na turma dos véinhos, até ela me cutucar com duas pilhas AA na mão, para colocar na minha máquina!! Fiquei até chateada por frustrá-la – minha máquina não funciona com pilha!

- Na saída do passeio de barco, desce e corre para e estação de trem, com tempo apertado para descobrir como comprar o bilhete. Uma moça nos acompanha até a máquina, nos ensina a comprar e corre para segurar a porta do trem, enquanto cumprimos a difícil tarefa de utilizar uma máquina que deveria facilitar a vida dos usuários, mas que só “falava” alemão!

Não é um SHOW?!?!?!?!?

De volta a Rudesheim, andamos, andamos, andamos e descobrimos que a cidade é muiiiito mais que orla do rio. Ruelas e ruelas lotadas de restaurantes com os mais variados estilos de músicos.
- Esses caras estão apostando alto, heim?

- É verdade... Vamos para o hotel, tomar banho, nos agasalhar e voltar para jantar?

- É melhor não! Com a quantidade de véinhos que vimos por aí, os restaurantes devem fechar as 8h30....

Ok. Deixamos o banho para depois, colocamos um agasalho e fomos escolher um italiano bem bonitinho. Comemos bem, bebemos bem e quando saímos, advinha?!?!? Os “véio” na MAIOR animação. Mas, na muita maior animação: dançando, cantando, dando cambalhota, fazendo coreografias. Um verdadeiro show e em vários restaurantes. Inclusive, no restaurante do NOSSO hotel. hehehehe

Nós, que não temos mais idade para acompanhar, fomos dormir e até tarde ouvimos a algazarra deles. Parecendo adolescentes. Muito show. Muita vitalidade. ;)

Isso me emociona, sabia?

No dia seguinte fizemos de carro o mesmo caminho do barco e um pouco mais: do Vale do Reno para o Vale do Mosel... mudança de rio, de vale e de paisagem.. No caminho para Bernkastel, a beira do Mosel, passamos por Cohen – uma fofura de cidade.


E vimos muitas, muitas pessoas fazendo o vale de bike. Na porta do hotel, já em Bernkastel, um grupo paramentado (de idosos, claro!) esperava o ônibus que trazia a bagagem deles. Eu, de novo, impressionada com a vitalidade deles. Só cheirando cola!!! E no café da manhã. Bike ou lonnnnngas caminhadas....

Bernkastel tranqüila. Bastante tranqüila. Uma paisagem linda e tranqüilizante! rssss



Dali para Baden-Baden. Chiquetérrima!!! A sofisticação pode ser vista por toda parte. Nos acomodamos num hotelzinho no calçadão, também chiquetérrimo e batendo perna chegamos a um dos atrativos da cidade – Termas de Caracala! Um show.


Queria uma semana aqui para curtir o SPA! Chiquetérrima também! hehehehe

Eu queria ficar aqui por causa dos banhos termais, mas fiquei na vontade. Os romanos não – chegaram aqui no ano 80 d.C. e mandaram embora os celtas que aqui viviam.


Flanamos, olhamos as vitrines, fizemos uma visita a um supermercado (a-doro isso!), alguns clicks no caminho, voltamos ao hotel, ficamos chic também (!?!) e fomos ao cassino.

A fama da cidade atravessou os séculos e no século 19 ficou famosa entre os aristocratas europeus. Construções neoclássicas pipocaram então na cidade e numa delas funciona, desde 1838, um dos cassinos mais antigos do mundo.

Mesmo tendo nos esforçado para parecer chiques, na ala nobre do cassino só de terno e gravata – e fomos então jogar vídeo poker na sessão dos pobres. Lá fora uma festança. Claro que não entendemos nada do que estava acontecendo, mas escolhemos uma “barraca” , pedimos salada, vinho e ficamos curtindo a banda tocar. € 100 mais pobres, mas felizes!

Próximo destino, Lago Contança. Uma perdida no meio do caminho nos colocou no meio da Floresta Negra. Surpresa boa!

Chegamos a Meesburg. A-DOREI!!!! Um clima, um astral, com cara mesmo de cidade na beira de um lago!!!! Um Momento Vico na Alemanha!


Batemos perna até parar em um restaurante com uma terraza. Clicks e curtição pura.


Desce, desce, desce, mais uma volta pela cidade e SURPRESA...uma orquestra de sopro fazendo uma apresentação no meio da praça. Lindo, lindo, lindo!

Na volta para Munique, e o que seria o nosso último dia na Alemanha, paramos em Lindau – também na beira do lago Constança. Clicks junto ao símbolo da região – um leão que toma conta da fronteira tripartite: Suíça, Alemanha e Áustria. Uma graça de lugar. Lindo!

No caminho outro atalho: Dachau! Ai, ai, ai... Sofri mais com a expectativa de ver o primeiro grande campo de concentração nazista, do que com a visita em si. Pensando nisso depois, acho que a crueldade que cada pedra daquele lugar presenciou é tão absurda, que chega a ser surreal.

Parece que não é verdade. Como assim, construíram fornos novos porque os antigos eram pequenos? Se não chegaram a usar quer dizer que pensavam exterminar ainda mais pessoas? Difícil de acreditar. Parece cenário de filme. Filme de horror!




De volta a Munique, e para apagar qualquer possibilidade de deixar registrada na mente, e no coração, essa última impressão – que não combina com um país delicioso, voltamos a Hofbrauhaus.

É... acabou!!! Vou lembrar com saudades, com certeza. Tin, tin!!!
Próximo destino, e próximo post: LONDRES.... e a amiguinha Cris!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A viagem na viagem! Férias em 4 tempos....

1o. tempo - PRAGA

Pois é... Poderia cultivar o sentimento de "Ah! Que pena que acabou...", mas resolvi prolongar ainda um pouco mais a sensação de que o mundo é muito grande e não vai dar tempo de conhecer tudo, mas estou tentando... e curtindo.... e a-dorando!

Já há quase uma semana de volta, ainda não sei exatamente como começar este post. E isso é o resultado de passar um tempo com um monte de tempo livre - em que o maior dilema é se paramos agora para tomar um café, ou cerveja e vinhos nacionais, ou se caminhamos um pouco mais?!?

Enfim, vou tentar inciar pelo começo. Isso deve facilitar contar tudo como uma histórinha (certo, LAM? rsss).

No meio de uma crise aérea danada, e eu jurando que nosso vôo não sairia na hora, encaramos o desafio de peito aberto. Curiosamente embarcamos no horário para Praga, na República Tcheca, com conexão em Paris. Parenteses: é incrível como quando a conexão é em Paris, aceitamos isso bem!!

Porém, conta comigo:
- 3h00 de antecedência no aeroporto
- 11h00 de vôo SP / Paris
- 3h00 de intervalo na conexão (imigração, alfandega, malas, novo check in)
- 1h30 de vôo Paris / Praga
- 0h30 de taxi do aeroporto para o hotel
- 5h00 de fuso horário (+)
Total: 24 horas!!!!!!!

Ou seja: já é noite por aqui.

Na porta do hotel um bilhete dizia "Mr. Mallamo. Please call xxxx." Obedecemos e a partir dai, um cena de filme: digite a senha no painél eletronico ao lado da porta, entre, suba a escada, 03 passos para a direita, um enorme painél com folhetos turisticos, procure os de locação de carro e, atrás, um envelope com a chave do nosso quarto. Fiquei imaginando que junto com a chave teria outro bilhete com a informação: a descrição desta missão se auto-destruirá em 30 segundos. hehehehe

Mas estava tudo certo. A recepção do hotel fecha as 18 horas e o check in foi feito no momento do check out! Assim são os tchecos!

Praga é linda!!! Facinho imaginar porque é que ela foi palco de inúmeras disputas, porque é que todo mundo a queria. Lembrar que há muito pouco tempo este país vivia isolado do resto do mundo, parece acrescentar um charme enorme ao astral do lugar.

Relembrar um pouco da história do País reforça ainda mais o encanto da sua capital, e nos ajuda a entender porque é que ela parece um mágico cenário.

A chamada Revolução de Veludo, movimento pacífico liderado pelo atual presidente, Vaclav Havel – que, aliás, é dramaturgo, encerrou em novembro de 1989 um período de 41 anos de comunismo no país. A população da antiga Tcheco-Eslováquia ocupou a praça Venceslau, em Praga, para restaurar a liberdade. Mais de 1 milhão de pessoas participaram de protestos diários contra o antigo regime. A República Tcheca, criada a partir da separação também pacífica da Eslováquia três anos depois, adotou o capitalismo e privatizou suas empresas estatais.

Fazendo fronteira com Alemanha, Polônia, Áustria e Eslováquia, a República Tcheca é uma das economias mais desenvolvidas dentre os países do extinto bloco soviético. Praga surgiu a partir da construção de um castelo e da cidadela ao seu redor, no século 9. No interior das muralhas de pedra, três igrejas e um mosteiro simbolizavam o poder feudal representado por três dinastias que dominaram a região.

Praga é hoje dividida em seis bairros, denominados “cidades”: do lado direito do Rio Vltava, Josefov (Bairro Judeu), Staré Mésto (Cidade Velha, onde está o centro), Nové Mésto (Cidade Nova) e Vysehrad. Do esquerdo, Malá Strana (a Cidade Pequena ) e Hradcany (onde fica o castelo).

A briga pela atração mais emblemática da cidade é grande: a Ponte Carlos ou o Relógio Astronômico - um monumento do século 16 que mostra a rotação do sol, da lua, as estrelas, além de funcionar como calendário com os signos do zodíaco – diz a lenda que o relojoeiro que o construiu foi cegado para que não pudesse mais construir outro relógio parecido com esse (a cada hora exata, duas janelinhas se abrem para uma pequena procissão dos apóstolos de Jesus; ao lado do mostrador, na fachada, figuras alegóricas representam os vícios e os medos, o humano e o divino).

Não consigo dizer qual é a mais conhecida, nem medir em qual delas a quantidade de turistas é maior.
Recebemos inúmeras recomendações para ir até a ponte bem cedinho, antes dos turistas “tomarem” completamente o espaço. Mas, posso dizer? Aquela muvuca de gente, misturada com os artistas, os músicos e as barracas que vendem bijouxs, quadros, esculturas, brinquedos de madeira é um show a parte. É verdade que a gente não consegue curtir com muita exatidão as 30 estátuas que ladeiam a ponte, mas dá prá sentir a cidade pulsar ali! E a vista do rio Vltava é sublime.

E um dos muitos, muitos teatros da cidade, fomos assistir Don Giovanni, tradicional espetáculo de teatro de marionetes na cidade. Fofo!

Do outro lado do rio, o Castelo de Praga, situado no alto de uma colina, sempre representou o poder do estado Tcheco. Conhecemos toda a cidade a pé e atravessamos a ponte, por puro prazer, umas 03 vezes por dia (viu, Paula?!?! rssss), mas para ir até o Castelo sucumbimos ao metrô – com a escada rolante mais íngreme que já vi, limpo e eficiente.

Mas não pense que o transporte te coloca na porta do castelo, não. Ao sair da estação é SÓ subir uma escadaria enorrrrrrrrme até o alto da colina. Uma dica de como não perceber o esforço? Ir curtindo a vista. É um show a parte.
O castelo é na verdade um pequeno burgo, onde fica o Palácio Real, a estonteante Catedral de São Vito e a casa de Franz Kafka – na chamada Ruela Dourada.
À noite, sem a multidão de turistas nas ruas, um clima misterioso toma conta da cidade e é difícil resistir a tentação de dizer que o clima torna-se kafkiano e não é sempre que podemos nos sentir em uma atmosfera kafkaniana estando na terra natal de Franz Kafka. Chiquérrimo!!!

Dava pra ficar horas escrevendo sobre a cidade, os detalhes dos edifícios, os nomes curiosos das mansões que contornam a praça da Cidade Velha, com brasões e esculturas e estátuas nas fachadas. Aliás, a cidade inteira tem construções lindíssimas, e se perder pelas ruelas é a melhor dica que eu daria para quem vai conhecer a cidade. Olhando para cima, para frente, para os lados e até para o chão.
E se perder é a coisa mais fácil. Nem adianta tentar se orientar pelas placas: absolutamente incompreensíveis!
Finalmente, uma observação indispensável: o povo tcheco! Amáveis e hospitaleiros. Se isso não é verdade, era assim que eu estava disposta a senti-los – por que entendê-los, nem pensar. ;)